_MEMÓRIAS DE UMA CAIPIRA_

_MEMÓRIAS DE UMA CAIPIRA_

Este espaço virtual, criado em 2008, é fruto de minhas andanças e incursões pelo ofício etnográfico na Ilha de Cananéia, no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, onde pretendo deixar minhas impressões como caminhante, ou tal como diria Helena P. Blavatsky, Lanu.

E no cais se fez história...

E no cais se fez história...
Das memórias imemoráveis dos moradores mais antigos, perpassando por suas bocas seus "causos", saberes e sabores desta ilha, esta caipira mantêm os olhos abertos e a mente relativizadora para fazer-se instrumento de captura dessas histórias de degredados, índias, sereias e sacis que cruzam esta Mata Atlântica e este estuário. Seja bem-vindo a este espaço onde os mitos e lendas que compõem a oralidade caiçara criam e recriam com seus "causos" que se espalharam para além mar. Prepare-se para encontrar tesouros perdidos, passagens secretas, pois a viagem ao imaginário do ilhéu acabou de começar... _Créditos Fotográficos Bianca Lanu_

29 de janeiro de 2010

PAU DA ONÇA

“A história da onça é assim: quando deu o dilúvi, que encheu, existia um sambaqui ali embaixo, tinha um sambaqui (...) sambaqui é um poco de barro, de concha, de ostra, poco de mexilão, que ele amuntua tudo num lugá só (...) acumula (...) então a pessoa não tinha aquilo ali né, quando seco a água pareceu ali, então, quando o pessoar, os escravo, naquele tempo eles trabalhavam, andavam de canoa, eles desceram, fazia a condução deles lá pra fora, leva o arroz, o feijão, pra vendê na cidade, quando chegaram lá embaixo onde tinha um, tem um pau até agora, agora tá, tá acabado, porque a água tá tafando ele, tinha um pau e tava uma onça em cima do toco parado, a água deu, ela foi trepada em cima do pau, o pau encalhou, ela ficou ali, não tinha como sair, quando eles descero ela tava lá, então fico, até hoje todo mundo chama o pau da onça, que tem lá embaixo, agora já tá o cupim, o pau da onça”.


_Frederico Mandira, morador tradicional caiçara do quilombo do Mandira, em Cananéia_


* Foto de Bianca Lanu - Maria e Frederico, moradores do quilombo do Mandira, Cananéia/SP *

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