“A história da onça é assim: quando deu o dilúvi, que encheu, existia um sambaqui ali embaixo, tinha um sambaqui (...) sambaqui é um poco de barro, de concha, de ostra, poco de mexilão, que ele amuntua tudo num lugá só (...) acumula (...) então a pessoa não tinha aquilo ali né, quando seco a água pareceu ali, então, quando o pessoar, os escravo, naquele tempo eles trabalhavam, andavam de canoa, eles desceram, fazia a condução deles lá pra fora, leva o arroz, o feijão, pra vendê na cidade, quando chegaram lá embaixo onde tinha um, tem um pau até agora, agora tá, tá acabado, porque a água tá tafando ele, tinha um pau e tava uma onça em cima do toco parado, a água deu, ela foi trepada em cima do pau, o pau encalhou, ela ficou ali, não tinha como sair, quando eles descero ela tava lá, então fico, até hoje todo mundo chama o pau da onça, que tem lá embaixo, agora já tá o cupim, o pau da onça”.
_Frederico Mandira, morador tradicional caiçara do quilombo do Mandira, em Cananéia_
* Foto de Bianca Lanu - Maria e Frederico, moradores do quilombo do Mandira, Cananéia/SP *
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