_MEMÓRIAS DE UMA CAIPIRA_

_MEMÓRIAS DE UMA CAIPIRA_

Este espaço virtual, criado em 2008, é fruto de minhas andanças e incursões pelo ofício etnográfico na Ilha de Cananéia, no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, onde pretendo deixar minhas impressões como caminhante, ou tal como diria Helena P. Blavatsky, Lanu.

E no cais se fez história...

E no cais se fez história...
Das memórias imemoráveis dos moradores mais antigos, perpassando por suas bocas seus "causos", saberes e sabores desta ilha, esta caipira mantêm os olhos abertos e a mente relativizadora para fazer-se instrumento de captura dessas histórias de degredados, índias, sereias e sacis que cruzam esta Mata Atlântica e este estuário. Seja bem-vindo a este espaço onde os mitos e lendas que compõem a oralidade caiçara criam e recriam com seus "causos" que se espalharam para além mar. Prepare-se para encontrar tesouros perdidos, passagens secretas, pois a viagem ao imaginário do ilhéu acabou de começar... _Créditos Fotográficos Bianca Lanu_

2 de fevereiro de 2010

SEREIA


Entre as ilhas Comprida, Cananéia e Cardoso habitava uma sereia de longas madeixas douradas. Em uma noite enluarada, na Baía de Trapandé, depois do costão rochoso do Morro São João a sereia surgiu de dentro do mar e deparando-se com um pescador que navegava naquelas águas pediu-lhe um pente e uma fita.

Para fazer o desejo da sereia o pescador partiu em sua canoa rumo à Cananéia, mas antes de buscar o que lhe foi pedido passou na casa de um amigo para contar que havia visto uma sereia de corpo de ouro, sendo assim foi aconselhado a levar uma espingarda e enriquecer com tamanha sorte encontrada.

Partiram os dois rumo ao costão e quando encontraram a sereia um dos pescadores mirou e puxou o gatilho na formosa mulher com corpo de peixe, essa por sua vez apenas disse antes de desaparecer: “Acabou-se Cananéia!”.

Desta forma, uma das explicações populares pela região não ter se desenvolvido, principalmente economicamente, é por conta dessa maldição da sereia encantada!


_Bianca Cruz Magdalena, cientista social e educadora_


*Desenho de Vera Lucia F. pintado em tela com técnica mista sobre tela.

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